Acontece que amar é um pouco como reciclar. Essa frase pode soar mal, pode até parecer que cheira mal, porque somos um tanto preconceituosos com tudo o que é lixo – mesmo os recicláveis. Não é à toa que mundialmente temos tantas dificuldades procurando lugares no mundo onde depositar o lixo. Os lixos são os nossos restos e disso nós só queremos nos livrar. E se eu falo de lixo há quem possa sentir o cheiro de chorume nas minhas palavras. Mas falo aqui é do lixo seco. Daquele resto que é reaproveitável. Falo aqui de relacionamentos que podem nos ensinar coisas, e não daqueles que só nos tomam a paciência, sem nada nos dar em troca.
Sim, pois há relações em que as pessoas apenas se desgastam. São aquelas em que todas as coisas possíveis de reciclagem foram feitas. E já não há mais o que fazer. Sabemos que até a reciclagem tem limite. Está tudo excessivamente fragilizado. Assim como há relações em que não há disponibilidade para sequer uma reciclagem. Papéis e plásticos, tudo é tratado como lixo orgânico. Reciclar dá trabalho. Amar dá ainda mais trabalho. Exige tempo e trocas. Mas amor é coisa que vive de conserto. Se você joga fora na primeira dificuldade, então talvez nem tenha sido amor.
Publicado na Revista Energia - mês de junho.
E postado pelo Blog Significantes.

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