"As palavras do meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, SENHOR rocha minha e redentor meu"

terça-feira, julho 19, 2011

Dá pra reciclar o amor?

Você compra uma geladeira. Ela estraga. Você faz um orçamento para saber quanto custa para consertá-la, e descobre que é mais fácil/mais barato comprar uma nova. O mesmo quando você quebra a jarra da cafeteira, ou quando derruba o telefone celular no chão. E assim o mundo vai juntando cada vez mais lixo, e cada vez falta mais espaço para deixar os nossos restos. Nada se recicla, tudo se joga fora. Mas... até onde será que vai essa nossa cultura? Será que ela também atinge os nossos relacionamentos? Pois parece que sim. Estamos sempre atrasados, faltam horas nos nossos dias. E se não há tempo para olhar as pessoas nos olhos, quem dirá cultivar uma planta que nos exige tanto cuidado assim como é o amor. E assim, as relações são jogadas no lixo, a todo instante, diante da primeira dificuldade.

Acontece que amar é um pouco como reciclar. Essa frase pode soar mal, pode até parecer que cheira mal, porque somos um tanto preconceituosos com tudo o que é lixo – mesmo os recicláveis. Não é à toa que mundialmente temos tantas dificuldades procurando lugares no mundo onde depositar o lixo. Os lixos são os nossos restos e disso nós só queremos nos livrar. E se eu falo de lixo há quem possa sentir o cheiro de chorume nas minhas palavras. Mas falo aqui é do lixo seco. Daquele resto que é reaproveitável. Falo aqui de relacionamentos que podem nos ensinar coisas, e não daqueles que só nos tomam a paciência, sem nada nos dar em troca.

Sim, pois há relações em que as pessoas apenas se desgastam. São aquelas em que todas as coisas possíveis de reciclagem foram feitas. E já não há mais o que fazer. Sabemos que até a reciclagem tem limite. Está tudo excessivamente fragilizado. Assim como há relações em que não há disponibilidade para sequer uma reciclagem. Papéis e plásticos, tudo é tratado como lixo orgânico. Reciclar dá trabalho. Amar dá ainda mais trabalho. Exige tempo e trocas. Mas amor é coisa que vive de conserto. Se você joga fora na primeira dificuldade, então talvez nem tenha sido amor.

Publicado na Revista Energia - mês de junho.
E postado pelo Blog Significantes.

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